5 de jun. de 2012

white noise.

estive em dois shows do mogwai mês passado. gostaria de poder descrever a sensação que senti durante as apresentações, o universo em que fui transportada durante aquelas horas, principalmente em são paulo, envolvida pelas recém adquiridas lembranças e sensações da avenida paulista toda linda e inédita, tão rara, tão liberta de realidade.
estive em dois shows do mogwai mês passado. gostaria de poder pegar a sensação que senti durantes as apresentações e tornar minha vida feita daquilo. epifanias são tão curtas, catarses não necessariamente se instalam no cotidiano. só atestei uma coisa que eu devo levar em muita consideração: eu não pertenço ao fixo, ao já conhecido, preciso de novas avenidas paulistas diariamente, mas o que tem pra hoje é túnel rebouças engarrafado. lutar contra a realidade é minha batalha que já nasceu perdida por nascer real.


23 de abr. de 2012

living in fear in the year of the tiger.

(cristalizei diante de tanto espaço em branco.)

modus operandi: andando com garrafinha de shampoo verde infantil da johnsons & johnsons na bolsa para dar uma cheiradinha e ver se limpa o ambiente mental que anda mais cagado que o galhineiro do barraquinho mais pobre de toda beira linha.

ia dizer que acho impressionante a minha capacidade de ir para o fundo do poço e continuar cavando com esmero, mas estaria mentido, pois faz muito tempo (aliás, não sei nem se houve, de fato, esse tempo) que nada mais me impressiona.

do total de pessoas que conviviam ao meu redor tenho hoje três, que chamaremos de b., r. e t., os quais prezo mais que tudo. e que coisa! estou aqui espantando todos eles quase que simultaneamente com essa depressão que me faz sair correndo para debaixo das cobertas sem maiores explicações, deixando pessoas que precisam de mim em uma situação cagada.

gostaria, honestamente, que isso passasse logo, antes que eu vá de fato morar numa sibéria em pleno rio de janeiro. aí é que tá: eu disse que gostaria, notaram? eu gostaria de tantas coisas, mas não faço nada para que elas sejam reais. no fim das contas acho que, no fundo, estou (bondade dizer que estou, nesses casos que o verbo to be é uma benção) num estado zumbinesco de tanto faz.

vocês sabem que vamos todos morrer? sabem, não é? pois é, eu lembro disso todos os dias (mais durante as madrugadas, em que acordo sabendo exatamente como é morrer e não tendo nada a fazer a respeito disso.) e sabe? que que eu tô fazendo com a minha vida? me matando em um emprego no qual nem férias eu posso tirar? me matando para ter uma graduação, para O QUÊ mesmo? me matando ao passar duas horas e quarenta para chegar em casa ao fim do dia e ter aquela sensação de vazio e ainda tomar porradelas de um gato #chatiado com o banheirinho sujo?

nós vamos todos morrer (e vai ser horrível, sim.) e eu não tenho feito nada além de me imbecilizar e me suicidar pouco a pouco, esquecendo toda a possível beleza que a vida pode ter por questões socio-econômicas. me matando aos poucos para fazer parte de um gráfico com cores fluorescentes no excel de alguma insituição babaca.

não quero mais morrer. não enquanto estiver viva.

6 de mar. de 2012

um resumo sobre a situação

estava aqui delirando, me imaginando entrando na secretaria da universidade ao som de kahled por uma piada interna (de eu comigo) e o que acontece? passo o dia inteiro cantando a música, além de claro, a ouvindo quando estou sozinha.

isso resume? porque assim, essa é a história da minha vida: a piada fica séria.

13 de fev. de 2012

hola soy darks

o que eu queria que fosse a trilha sonora da minha vida:



o que é a trilha sonora da minha vida:

7 de fev. de 2012

hour after hour after hour

e se eu fingir que acordo às 06:00h sem sono e vou andar pelas ruas, ou quem sabe pego o ônibus e paro na praia antes do trabalho e fico ali por pura contemplação antes do expediente?
e se eu fingir que não postergo e não fico offline da vida durante as oito horas de trabalho, e melhor: de fato trabalho e quando saio dali, às 18:00h, nenhum assunto pendente invade minha mente como punição por ser tão destrambelhada?
e se eu fingir que almoço coisas saudáveis, continuando aquela dieta tão saudável e que estava funcionando tão bem, e não desconto problemas em peixes crus, achando que tudo vai dar certo depois de injetar serotonina alimentícia no corpo, sempre sabendo que não dá?
e se eu fingir que eu não me auto-saboto tanto e abrir uma corte esquizofrênica com várias de mim onde esta, responsável por tamanha atrocidade, seja condenada a morte?
e se eu fingir que não fico estática lembrando que tudo isso é em vão e que vamos todos morrer, fazendo tudo perder o sentido?
e se eu fingir que se concentrar é a coisa mais fácil e natural do mundo?
e se eu fingir que eu ainda sei ler livros e ver filmes?
e se eu fingir que eu ainda sei me interessar por um assunto acadêmico a ponto de torná-lo uma obsessão saudável?
e se eu fingir que eu não deixo o humor alheio influenciar tanto a minha vida, como se eu não fosse nada além de um capacho que merece sofrer e que é a pior das merdas existentes na cadeia alimentar?
e se eu fingir que esqueci toda a tortura psicológica e emocional que uma pessoa me fez há anos atrás e que eu devo seguir minha vida sem medos, paranóias e a sensação de ter sido dilacerada?
e se eu fingir que não perco tempo desdobrando possibilidades de coisas terríveis que podem destruir a minha vida?
e se eu fingir que um cigarro é apenas um cigarro e não uma muleta, e não minhas próprias pernas, mas apenas um cigarro?
e se eu fingir que uma cerveja é bom, mas que vinte e quatro é exagero e não a solução para os meus problemas?
e se eu fingir que posso cantar girl singing in the wreckage com a maior calma do mundo, com aquela sensação de plenitude?
e se eu fingir que eu não sou essa pessoa tão desconexa e amarga que me tornei, afinal, o que será que acontece?

2 de fev. de 2012

com bilhete único a segunda viagem é de graça (risos)

estava lá sendo testada por físicos a respeito da inércia de um corpo quando decido que é hora de sair da cadeirinha do trabalho e rumar para o lar (alheio).

tenho toc (e você também) e fico organizando minha bolsa o tempo todo, hábito que se tornou mais enlouquecedor do que o normal quando comecei a usar mochila. então, no meio da habitual neurose vi que o bilhete único estava ali no bolso externo e tal: tranquilidade, é só abrir o bolsinho na hora que entrar no ônibus e tudo vai ficar bem. :D

entrei no ônibus e CADÊ? sumiu, desapareceu, foi pro acre, sei lá. emocionalmente exausta como me encontro há praticamente vinte e cinco anos comecei a chorar (coerência e maturidade, a gente vê por aqui.) etc. tudo certo, se o bilhete não estivesse er... no bolso da calça, justamente para ser *mais fácil*.
olha, já falei que tô boa? tô ótima!

29 de jan. de 2012

com o sakamoto no cantinho do quarto

aquello que hay en mí, que no soy yo, y que busco.
aquello que hay en mí, y que a veces pienso que
también soy yo, y no encuentro.
aquello que aparece porque sí, brilla un instante y luego
se va por años
y años.
aquello que yo también olvido.
aquello
próximo al amor, que no es exactamente amor;
que podría confundrise con la libertad,
con la verdad
con la absoluta identidad del ser
- y que no puede, sin embargo, ser contenido en palabras
pensado en conceptos
no puede ser siquiera recordado como es.
es lo que es, y no es mío, y a veces está en mí
(muy pocas veces); y cuando está,
se acuerda de sí mismo
lo recuerdo y lo pienso y lo conozco.
es inútil buscarlo; cuanto más se le busca
más remoto parece, más se esconde.
es preciso olvidarlo por completo,
llegar casi al suicidio
(porque sin ello la vida no vale)
(porque los que no conocieron aquello creen que la
[vida no vale)
(por eso el mundo rechina cuando gira).

este es mi mal, y mi razón de ser.

(mario levrero, in el discurso vacío)